As comemorações do 13 de Maio, data da Abolição da escravatura em nosso país, foi esvaziada a partir dos anos 1980, quando certas correntes se tornam hegemônicas nas lutas dos movimentos negros - como é o caso da Convergência Socialista, organização trotskista com discurso racialista radicalizado, defensora de um ''afrocentrismo'', e que se tornou devedora de um conjunto de elementos importados da luta anti-racista nos EUA.
Apesar dos aspectos positivos dessa transformação (como, por exemplo, a valorização da História da África no currículo escolar), as limitações ideológicas desses grupos acabaram por levá-los a uma agenda corrosiva na nossa sociedade, com elementos negativos como:
a condenação da mestiçagem e a identificação de todo afrodescendente como negro (e a condenação de todo e qualquer sincretismo em outros âmbitos, como meio de ''depurar'' a mestiçagem em diversos níveis);
a busca por certo apartheid sócio-cultural (para eles, negras só poderiam ter relacionamentos amorosos com negros, por exemplo);
o polêmico sistema de cotas raciais e a consequente defesa de uma impossível racialização fenotípica (com as famigeradas bancas racialistas de identificação etc);
a ojeriza à Princesa Isabel;
a ojeriza ao culto da Mãe Preta;
o internacionalismo sufocante;
o fanatismo anti-branco em todas as esferas etc etc
A escravatura chegou ao fim por um complexo de fatores, e eu não pretendo descrevê-los aqui. A semana em que a Lei Áurea foi colocada em votação foi uma das mais festivas para o povo do nosso país. Foi um momento de intensa participação popular, em que se lotava as ruas e praças ao redor do Senado Imperial (onde a lei foi aprovada) e do Paço Imperial, quando o projeto foi assinado e ratificado, extinguindo legalmente a ignomínia do trabalho escravo entre nós. Depois da assinatura, realizada em 13 de maio, várias regiões do Brasil mergulharam em uma semana de ''Carnaval''.
É dia de se homenagear também uma das mais significativas e heroicas mulheres brasileiras, cuja memória é abafada injustamente por uma militância que se tornou cega ao próprio país. Trata-se da Princesa Imperial Isabel, a Redentora, que chamou a para si a responsabilidade de assinar a Lei Áurea. Uma senhora que pouco entendia de política e levava sua vida ocupada pelo amor aos próprios filhos e por uma extrema e devota religiosidade.
Sua decisão de dar liberdade aos escravos foi um momento chave na História da Monarquia. O Imperador, que se encontrava velho e doente, estava na Europa. A elite social e econômica demandava que qualquer movimento rumo à abolição fosse acompanhado de pesada indenização aos senhores de terras e homens. A incapacidade do erário em arcar com esses custos adiou consideravelmente a medida final contra o escravismo.
A Princesa Isabel era casada com aquele que deveria ser o Terceiro Imperador do Brasil, o Conde D'eu. Mas ao assinar a lei, sabia que colocava de vez o seu trono em risco. A elite social e econômica rompeu com a Monarquia, e parte dela passou para o lado do movimento republicano, que, com um golpe militar, em novembro de 1889 consolidaria uma República Oligárquica inspirada nas instituições norte-americanas. ''Mil tronos eu tivesse, mil tronos eu daria'', afirmou a Princesa.
Essa ''República'' tirou o povo das ruas e agrilhoou os ex-escravos nas favelas, mantendo a todo custo uma estrutura sócio-cultural herdada da escravidão.
Como disse Joaquim Nabuco,
''No dia em que a Princesa Imperial se decidiu ao seu grande golpe de humanidade, sabia tudo o que arriscava. A raça que ia libertar não tinha para lhe dar senão o seu sangue, e ela não o queria nunca para cimentar o trono de seu filho. A classe proprietária ameaçava passar-se toda para a República, seu pai parecia estar moribundo em Milão, era provável a mudança de reino durante a crise , e ela não hesitou: uma voz interior disse-lhe que um grande dever tem que ser cumprido, ou um grande sacrifício que ser aceito. Se a Monarquia pudesse sobreviver à abolição, esta seria o apanágio. Se sucumbisse, seria o seu testamento..."
Sua Majestade Imperial Dona Isabel I é até hoje a única brasileira agraciada com a condecoração da Rosa de Ouro, oferecida pela Santa Sé àqueles que demonstraram lealdade ou realizaram atos dignos de regozijo de toda a Igreja Católica-Romana.
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