Em todo o Rio de Janeiro, principalmente nos bairros populares, nos subúrbios e periferias, o dia começa muito cedo. Em certos lugares sequer se dorme, tamanha a quantidade e duração dos fogos que tomam conta dos céus na grande festa da "Alvorada de São Jorge".
As paróquias lotam, em especial a Igreja Matriz de São Jorge, em Quintino, no Subúrbio da Central. O dia é de feriado, missas, batuques em terreiro, festas familiares, churrasco, devoção e alegria.
É dia de São Jorge, Domingo 23, que no Rio é também o General Ogum. Na África, o Orixá se ligava aos mistérios da metalurgia, inventor do arado e senhor das tecnologias agrícolas. No Brasil foi enfatizado seu caráter marcial, guerreiro, típico da espiritualidade do nosso povo, que tem a necessidade de ''matar um leão por dia''.
As umbandas ensinam que Ogum lutou na Guerra do Paraguai ao lado dos contingentes mulatos, e pontos e cantigas citam sua presença na Batalha de Humaitá.
O Ogum que guerreia com os brasileiros é também São Jorge, mártir cristão que se recusou a apostatar nas perseguições dos primeiros séculos, e que lutou ao lado dos portugueses e espanhóis na Reconquista Ibérica: O poderoso santo que salva a filha do Rei de ser devorada em sacrifício ao dragão da maldade.
Como canta Jorge Ben:
"É dia dele passear
No seu cavalo branco
Pelo mundo pra ver
Como é que tá
De armadura e capa
Espada forjada em ouro
Gesto nobre, olhar sereno
De cavaleiro, guerreiro justiceiro
Imbatível ao extremo
Assim é Jorge e salve Jorge
Viva, viva, viva Jorge
Pois com sua sabedoria e coragem
Mostrou que com uma rosa
E o cantar de um passarinho
Nunca nesse mundo se está sozinho"
SALVE, JORGE!
PÃO, TERRA, TRADIÇÃO!
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