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Foto do escritorAlípio Macêdo

53 anos do Movimento Armorial

O dia 18 de outubro de 1970 marca o início oficial do Movimento Armorial, que hoje celebra 53 anos. O Sol da Pátria, trabalhista na economia e armorial nos costumes, não podemos deixar passar em branco data tão icônica. Para tanto, segue texto de Ariano Suassuna publicado na contracapa do LP Do Romance ao Galope Nordestino, do Quinteto Armorial – uma das coisas mais bacanas da indústria de LP das décadas de 1960 e 1970 era que as contracapas traziam resenhas sobre cada disco.

O QUINTETO E O MOVIMENTO ARMORIAL

por Ariano Suassuna


Iniciado oficialmente em 1970, o Movimento Armorial interessa-se por Cerâmica, Pintura, Tapeçaria, Gravura, Teatro, Escultura, Romance, Poesia e Música, sendo que estamos a ponto de tentar nossas primeiras experiências no campo do Cinema e no da Arquitetura.


No que se refere à Música, o trabalho do Quinteto Armorial é o que, na minha opinião, temos de mais importante, pois contamos com compositores que já estão dando o que falar, no campo da música brasileira e erudita, de raízes nacionais e populares. Sem se falar dos nossos dois grandes patronos de nome já firmado – Guerra Peixe e Capiba, aqui presentes neste disco – trata-se de gente como Antônio Carlos Nóbrega de Almeida. Jarbas Maciel, Egildo Vieira, e, sobretudo, esse extraordinário Antônio José Madureira, a meu ver a maior esperança da Música brasileira atual. Assim como Gilvan Samico, partindo das xilogravuras da Literatura de Cordel, criou importância para a Cultura brasileira, o mesmo está fazendo Antônio José Madureira a partir dos cantares do nosso Romanceiro Nordestino, dos toques de pífano, das violas e rabecas dos Cantadores – toques ásperos, “desafinados”, arcaicos, acerados como gumes de faca-de-ponta.


Foram os compositores armoriais que revalorizaram o pífano, a viola sertaneja, a guitarra ibérica, a rabeca e o marimbau nordestino, estranho e belo instrumento, de som áspero e monocórdico, lembrando – como a rabeca também – os instrumentos hindus ou árabes, estes últimos de presença tão marcante no nordeste, por causa da nossa herança ibérica.


Os músicos do Quinteto Armorial poderiam ter partido em busca de dois caminhos fáceis: limitar-se, por um lado, à boa execução convencional da Música europeia, tradicional ou de “vanguarda”, e procurar, por outro lado, o fácil sucesso popular, tocando, à sua maneira, “baiões” comerciais. Não o quiseram. Convencidos de que a criação é muito mais importante do que a execução, preferiram a tarefa mais dura, mais ingrata, mais difícil e mais séria: a procura de uma composição nordestina renovadora, de uma Música erudita brasileira de raízes populares, de uma som brasileiro, criado para um conjunto de câmera, apto a tocar a Música europeia, é claro – principalmente a ibérica mais antiga, tão importante para nós – mas principalmente apto a expressar o que a Cultura brasileira tem de singular, de próprio e de não-europeu.


O Quinteto Armorial tem seu trabalho ligado ao Departamento de Extensão Cultural da Pré-Reitoria para Assuntos Comunitários da UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO.

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