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Direita anarquista? O Estado não é vilão

A direita brasileira perdeu de vez o rumo quando assumiu a ideia liberaloide de que o Estado é sempre um vilão ou um perigo a ser controlado, e que a solução dos problemas da vida está apenas nas relações econômicas.



Esta perspectiva materialista é completamente contrária à nossa formação, cultura política e também à mais óbvia experiência histórica. O curioso é que muitas correntes liberais sempre souberam disso, e daí seu diálogo profícuo com correntes conservadoras.


Infelizmente, a retórica anti-estatal e pró-mercado simplista tomou de supetão a mentalidade da direita quando ela se abraçou de vez a certas correntes ianques pós-Reagan.


Em princípio, o Estado é uma bênção de Deus. Ele existe para impor Ordem e Justiça, e regular todos os âmbitos da vida segundo o bem comum, incluindo as necessidades espirituais prementes da população, se eximindo apenas e tão somente de interferir no âmbito sacro da família, que é uma realidade que lhe é anterior e superior.


É óbvio que o Estado pode ser usurpado e mobilizado em uma direção contrária àquela para a qual existe de forma legítima. Mas o maior perigo nesse caso vem justamente das poderosas forças do ''mercado'', ou seja, dos poderios de ordem econômica, que capturam os agentes públicos e os submetem aos seus ditames, "privatizando-o" para seus próprios interesses particulares.


O maior perigo, portanto, vem do ''mercado'', da ordem econômica, e não do poder estatal em si.


Claro que o poder estatal também tem problemas óbvios quando se torna cego para as questões mais elevadas de ordem espiritual. É um perigo sempre presente no nacionalismo materialista, focado nos recursos naturais, nas obras de engenharia, no desenvolvimento econômico a qualquer custo.


O maior exemplo deste Estado execrável é o totalitarismo comunista, que nos forneceu alguns dos exemplos mais próximos do que seria o inferno na terra e o reinado do anticristo. Porém, o comunismo deste tipo não é ameaça no Brasil, como toda pessoa minimamente sensata sabe. O perigo hoje é o poder econômico do ''mercado'' desregulado e selvagem, que torna vícios privados em virtudes públicas.

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