Em live promovida no Canal do Sol da Pátria, foi debatido o tema do ‘masculinismo’ – tendência ideológica presente em diferentes vertentes, sendo as mais conhecidas Incel, Red Pill, Sigma, MGTOW. Participaram do debate o estudante de filosofia Mauricio Oltramari, o jornalista e pesquisador em antropologia Leandro Altheman e o também pesquisador em antropologia Uriel Araújo.
O tema foi travado da mesma maneira dos demais debates no Sol da Pátria: sem tabus, mas imbuído do desejo sincero de compreender os fenômenos sociais da atualidade.
O debate teve início tratando da gravíssima questão dos ataques de atiradoras em escolas, fenômeno de patologia social típico dos EUA que lamentavelmente vem sendo reproduzido nos nossos trópicos.
Tem sido comum relacionar crimes hediondos desta natureza com o chamado ‘masculinismo’, tendência ideológica por vezes eivada de misoginia, neste caso especialmente por terem sido garotas as vítimas dos disparos.
Contudo, o que a grande imprensa comprometida com o ideário progressista tratou de ocultar é que o autor do crime, conhecido como ‘Luluzinho do Liberdade', era na verdade um garoto trans: uma pessoa biologicamente nascida mulher que se identifica como do sexo masculino.
Ou seja, mais do que um ‘masculinismo’, o atentado revela a profunda crise de identidade que vivemos no mundo moderno e pós-moderno e que em casos extremos pode levar a tragédias como essa.
Sobre o masculinismo em si, embora haja diferentes vertentes, a tendência geral foi entendê-lo como mais um fenômeno moderno, análogo ao feminismo, focado sobretudo no individualismo e, portanto, sem qualquer conexão legítima com as fontes do tradicionalismo que nutrem o ponto de vista do Sol da Pátria.
Compreende-se que nas diferentes tradições religiosas, espirituais e nativas, os papéis do homem e da mulher são definidos a partir de uma complementariedade em que a diferença demarcada entre os gêneros tem como função social a promoção do cuidado com o outro e a constituição da família.
Conforme explicou Uriel Araújo, mesmo o termo ‘machismo’ que ganhou conotação negativa em nossa sociedade tem em sua origem sentidos que podem ser traduzidos como positivos, como por exemplo a responsabilidade que um homem deve ter em relação à sua esposa e filhos.
O ‘masculinismo’, ao contrário, em que pese o fato de ser uma reação aos exageros do feminismo, reproduz muito de seu conteúdo com um sinal invertido: flagrante misoginia, em resposta à misandria de setores mais radicais do feminismo, individualismo extremado, redução das relações entre homens e mulheres a ‘valores de mercado’, a ‘coisificação’ do outro, materialismo exacerbado etc.
Ou seja, o masculinismo, tal qual está se desenvolvendo nas redes socias, além de não ser uma resposta adequada aos exageros do feminismo, pode acabar reforçando os mesmos aspectos que diz condenar.
Por outro lado, as diferentes tradições, sejam elas religiosas, espirituais, nativas ou simplesmente culturais, podem, sim, fornecer elementos que sirvam de contraponto aos dogmas da modernidade e da pós-modernidade e que nos ajudem a reconstruir as relações de homens e mulheres desde um ponto de vista mais humano e mais saudável para todos.
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