A Nova República menosprezou a centralidade da indústria como componente da economia. A busca por modernizar o setor sob os ventos da globalização levou a um modelo macroeconômico que aumentou a defasagem tecnológica, simplificou o sistema produtivo, desnacionalizou a economia e destruiu emprego qualificado, em perspectiva voltada para o aproveitamento de “vantagens comparativas” e para atração de investimentos estrangeiros, supostamente adequada à Globalização Neoliberal. Esse modelo fracassou de modo retumbante, entregando três décadas de crescimento pífio, e se mostra inapto para o enfrentamento dos desafios de integrar dezenas de milhões de brasileiros, que vivem à margem da sociedade de abundância, e fazer frente ao novo período histórico de desglobalização.
Por outro lado, boa parte do setor industrial, conformado à financeirização e a um papel subordinado ao capital internacional, escolheu lutar pela própria sobrevivência promovendo batalha contra os direitos sociais, previdenciários e trabalhistas, confundindo os interesses nacionais com a garantia de lucros abusivos.
Há necessidade premente de reindustrializar o país e de conferir complexidade cada vez maior à base produtiva, não para atender o interesse de um empresariado ineficiente abraçado ao rentismo, mas para potencializar as vocações nacionais e gerar trabalho digno para os brasileiros. Neste sentido, é fundamental o papel das empresas estatais, e sem participação acionária estrangeira, em setores estratégicos; do investimento público; bem como de um planejamento sistemático voltado não só para empreendimentos de larga escala e intensidade tecnológica, como também de fomento a pequenos, médios e micro empreendimentos, sempre levando em conta a importância do mercado interno e, portanto, do potencial de consumo de nossa população. Os bancos públicos são imprescindíveis neste quesito.
Dito de outra maneira, precisamos não só de políticas industriais inovadoras, mas de alternativa para o modelo macro-econômico vigente nas últimas décadas. O país tem urgência também de uma ampla Reforma Tributária de orientação progressiva, que alivie o consumo e impulsione a indústria. É imprescindível o controle de fluxo de capitais e instrumentos para manter o câmbio em um patamar condizente com o objetivo da reindustrialização.
Recuperada a capacidade de investimento público, é preferível sempre que o Estado controle diretamente os serviços que devem ser universais, tais como Educação, Saúde, Saneamento, Transporte Público, Comunicações. A lógica desses serviços não é a do lucro, mas da igualdade, da cidadania, da inclusão e do bem comum. Uma lógica republicana, portanto.
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