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O liberalismo é inimigo da liberdade




O liberalismo é uma distorção nua e crua da realidade, em todos os seus aspectos. A noção de indivíduo liberal, historicamente legatária dos debates sobre a física moderna e que embasou a visão de mundo e de homem por trás das obras de Hobbes e Locke, é tão furada que sua hegemonia política não pode ser dissociada do peso do poder dissolvente do capitalismo sobre as relações sociais.


De modo que liberalismo e capitalismo vivem e não podem deixar de viver em simbiose contínua, a esfera ideológica e política imbricada com a sócio-econômica.


O individualismo se torna fonte de ataque a todas as comunidades orgânicas, encaradas como escravizadoras do homem, e de seus sistemas de valores, a fim de liberar desejos e "privatizar" a ideia de Bem. A destruição dos parâmetros orgânicos por meio dos quais o sujeito se percebe no mundo leva à crise cultural e à negação da humanidade concreta.


A sociedade flerta e contempla o abismo do niilismo e da anomia.


O caos e o conflito subsequente anda de mãos dadas com a ética procedimental e pela mão nada invisível do mercado, que para melhor satisfazer as "necessidades" de sujeitos cada vez mais sequiosos e em rota de colisão uns com os outros, associa os "produtos" da fantasia apaixonada à reconstrução das identidades que foram detonadas pela falta ou irrelevância dos referenciais comunitários.


O homem, que segundo os ideólogos deveria ser libertado das tradições a fim de brilhar de modo autêntico e singular, vira um escravo do mercado a fim de descobrir ou criar um suporte que lhe permita dizer quem ele é. O identitarismo pós-moderno é a radicalização do projeto liberal.


O maior grau de fragmentação nas bases sociais é acompanhado de uma concentração gradual de poder e recursos econômicos e militares no topo, de modo a tornar patética qualquer ilusão democrática.


O homem pode reivindicar à vontade e criar uma cacofonia sem limites , não há ninguém na cúpula realmente disposta a escutar o vozerio sem sentido e que se parece apenas com gemidos de dor cujas pautas são inconscientes e indiscerníveis. A esfera de decisão fica cada vez mais distante de "cidadãos" impotentes, que sequer podem se sentir mais como átomos e sim como figuras da abstração matematizante das subparticulas.


Condição pós-moderna, modernidade líquida, ultra-capitalismo, pós-liberalismo. Taylor, Harvey, Lipotevsky, Hirschman, Bauman, Zizek... Cada um deles deles entendeu, expôs e abordou, de modo mais ou menos abrangente e profundo, os aspectos da marcha liberal-capitalista em sua conquista do mundo e demolição dos povos da terra.

O liberalismo é inimigo dos homens e de qualquer possibilidade de liberdade.


PÃO, TERRA, TRADIÇÃO.

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