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O São João e o prenúncio da Boa Nova

As festas que hoje homenageiam São João têm sua origem mais ancestral ainda no período Neolítico, quando tribos pagãs de várias partes do Hemisfério Norte celebravam o Solstício de Verão, dia mais longo do ano que marcava o fim da primavera e o início das grandes colheitas. A esperada fartura do Solstício era recebida com rituais que serviam para afastar os maus espíritos e proteger as plantações das pragas.



Mais tarde, com a chegada da Cristandade e da Igreja Católica, deu-se o casório das simbologias e as festas mais populares foram recebendo nomes de santos. O primeiro foi São João Batista, profeta que anunciou o advento do Cristo através de Jesus de Nazaré e assim batizou-lhe no Rio Jordão. Acredita-se que São João, ele próprio filho de um milagre de fertilidade, nascera no dia 24 de Junho, mesma data que os antigos romanos consagravam à deusa Juno, esposa de Júpiter e rainha de todos os deuses.

Assim, o Nascimento do Precursor (ou Dia de São João) carrega uma profunda simbologia de fertilidade e esperança, representada pelo retorno do Astro Rei ao seu posto máximo. Para o mundo Cristão, que considera a simbologia cósmica das estações uma referência à vinda e a trajetória do Cristo, a Boa Nova trazida por João Batista torna o dia de sua vinda a segunda data mais importante do calendário eclesiástico, ficando atrás apenas do Natal, que ocorre exatos seis meses depois, no Solstício de Inverno.


Entretanto, se no Hemisfério Norte os dias que cercam o aniversário de São João marcam os dias mais longos do ano, no Hemisfério Sul, logo abaixo do Equador, mais precisamente no Nordeste brasileiro, ocorre o exato oposto. Aqui é comum que durante todo o mês de São João as noites caiam mais cedo. Ao contrário das imagens diurnas de festivais nórdicos como o midsommar, o São João do Nordeste, e em boa medida também do Brasil, é uma festa noturna e quase sempre acompanhada de neblina, em que as fogueiras varam a madrugada com as menores temperaturas do ano. Mas embora esta dualidade vez em quando produza algum desconcerto simbólico, isto parece pouco importar no maior país Católico do mundo, um país que já nasceu sob a heráldica dos Santos Populares.


No Brasil, as festas juninas se aclimataram perfeitamente com aguardente e quentão. E o milho assado é comido quase em brasa, saído das chamas direto pros dentes encarvoados, ao que um trio de forró vai puxando o fole e a zabumba. E então o triângulo emparelha, convidando o povo a se esquentar no bate-coxa de um pé-de-serra. É aí que os brincantes da quadrilha, representando os arquétipos da vida sertaneja, com suas indumentárias de palha e chita mais que caprichadas, celebram seus cumprimentos, dão-se os braços e iniciam o “passeio na roça”. A dança típica encontra o clímax na hora do casamento, e outra vez a fertilidade e a esperança se manifestam no Dia de São João.



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