O Brasil enfrenta uma das maiores crises de sua história republicana. A aplicação sistemática do neoliberalismo nos levou a décadas perdidas de reprimarização da economia, acelerada desindustrialização e defasagem tecnológica, além do avanço de organizações criminosas sobre o aparato estatal. O país carrega vários sinais de esgarçamento social e mergulhou em profunda crise de legitimidade a partir de 2013.
O cenário se torna ainda mais problemático por causa da acentuação dos conflitos geopolíticos e dos desafios surgidos na ordem internacional, que trazem mudanças no balanço de poder e cuja consequência imediata é o aumento da instabilidade ao redor do globo. A fragilidade em que a comunidade e o Estado Nacional se encontram, o descrédito das instituições e a alienação da maior parte de nossas elites políticas e intelectuais apontam para anos muito difíceis.
As principais forças eleitorais e partidárias não parecem atinar para a enormidade das dificuldades, perdendo tempo em discussões estéreis e evasivas, dobrando a aposta em um modelo que nos trouxe ao impasse atual, ou ainda copiando divisionismos importados do Norte Global, em manifesta subordinação teórica aos ditames de uma cultura política distante tanto de nossa alma quanto de nossos problemas concretos.
O Brasil precisa de uma guinada, de uma ruptura, de um caminho que o torne mais uma vez apto para superar a dependência econômica e tecnológica, a subordinação à indústria cultural de massas ocidental, as desigualdades de propriedade e renda, e os obstáculos à participação popular nas esferas de decisão. E que tenha ideias sólidas, fincadas no nacionalismo, para lidar com as mudanças demográficas, o processo de desglobalização e os dilemas ambientais que trazem contornos novos aos enfrentamentos políticos deste século.
Lula e Bolsonaro, os dois candidatos que são apontados como líderes pelas pesquisas de opinião, não oferecem respostas para o beco sem saída construído pelo rentismo, pelo neoliberalismo e pela submissão ideológica às teses oriundas dos EUA e das potências econômicas e militares da Europa. Antes, são agentes que reafirmam esses elementos deletérios e competem para aplicá-los à nação. Basta de repetir os mesmos erros! A nação precisa desesperadamente de uma alternativa viável.
A Frente Sol da Pátria, fiel aos seus princípios trabalhistas, comunitaristas, ao conservadorismo popular e à construção de uma democracia social, percebe em Ciro Gomes o único candidato que ao longo dos últimos anos elaborou, expôs e defendeu um plano coerente de desenvolvimento e que propôs medidas exequíveis para que o Brasil retome seu destino de grandeza. Nas eleições presidenciais deste ano, indicamos voto no desenvolvimentismo trabalhista de Ciro Gomes, esperando que ele possa romper a falsa polarização que agrilhoa, paralisa e ameaça dissolver o país.
A Sol da Pátria repudia também as sistemáticas difamações contra o candidato do PDT e seu eleitorado, realizadas muitas vezes com complacência quando não adesão de boa parte da mídia corporativa. As calúnias partem de movimentos que desejam expulsar da cena pública qualquer contestação séria às posições neoliberais e aos ditames importados do Norte Global, que encaram não somente como as únicas possíveis e legítimas, mas também moralmente obrigatórias para todos os cidadãos. Denunciamos essa mentalidade e comportamento como a raiz de todo totalitarismo, e apontamos seus propagadores como responsáveis pela transformação da campanha eleitoral em cacofonia de acusações erísticas em um momento em que precisávamos, mais do que nunca, de sã e vigorosa troca de ideias. A busca por criminalizar o discurso adversário vem se tornando praxe odiosa na política organizada, contribuindo para desmoralizá-la, e colocando em risco a continuidade do processo democrático brasileiro.
Por fim, a Frente Sol da Pátria conclama todos os cidadãos, grupos e corpos sociais à aceitação do veredito das urnas, que vai configurar novas situações e oposições políticas a partir do ano que vem, na consciência de que, apesar de todas as discordâncias e diferenças, participamos de um mesmo povo e temos todos um mesmo destino nacional. Que as eleições possam ocorrer em clima fraterno e seguro, e que Deus ilumine os caminhos do nosso país.
PÃO, TERRA, TRADIÇÃO!
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