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Quase 100 anos do Cristo Redentor

Santuário religioso, lugar místico, fruto da devoção popular, uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno, Patrimônio da Humanidade. A estátua do Cristo Redentor, construída em cima do Corcovado, Rio de Janeiro, é um dos nossos maiores símbolos nacionais, inagurado em 12 de outubro de 1931.


O morro do Corcovado faz parte de uma “geografia sagrada” de origem tupinambá, ligada ao mito do Gigante Adormecido na Baía de Guanabara. Em meado do século XIX surge a ideia de erguer, no local, uma homenagem ao Cristianismo. A Princesa Isabel, herdeira do trono imperial, recusou a proposta de uma obra que a retratasse como “Redentora”, declarando que se deveria celebrar o “verdadeiro Redentor dos homens”.


É sempre bom recordar que o Cristo Redentor é um santuário católico, um lugar de culto com capela dedicada a Nossa Senhora Aparecida, e, portanto, a cristianização do local o reforçou na esfera do Sagrado.


A Proclamação da República, com a separação entre Igreja e Estado, adiou a execução dos planos. Porém, nos anos 1920, por conta do Centenário da Independência, o Círculo Católico do Rio de Janeiro lançou bem-sucedida campanha de levantamento de fundos em todo o país.


O dinheiro necessário para a construção da estátua e as obras são fruto da fé, da devoção e do amor de brasileiros do Oiapoque ao Chuí. Ainda hoje, o Cristo Redentor é mantido pela Arquidiocese do Rio de Janeiro, ainda que traga “dividendos” simbólicos e materiais para todo o Brasil, atraindo cerca de dois milhões de visitantes por ano.


A estátua foi projetada e esculpida por uma colaboração do brasileiro Heitor da Costa Silva, o franco-polonês Paul Landowski, e o romeno Gheorghe Leonida.


A data da inauguração da estátua tem profundas conexões simbólicas. 12 de outubro é também o dia em que pescadores encontraram a imagem de Nossa Senhora Aparecida no início do século XVIII. É o dia da Aclamação de Dom Pedro I como Imperador do Brasil, evento importante na cronologia da nossa Independência Política. E é também a do “Descobrimento da América” por Cristóvão Colombo, que pensava ter chegada às míticas Ilhas das Sete Cidades.


É um dia também de reconciliação. Depois da ferrenha cisão entre o Estado e a religião, ocorrida por conta da queda da Monarquia, houve saudável reaproximação durante a Era Vargas. Na cerimônia de inauguração, em 12 de outubro de 1931, o Cardeal do Rio, Dom Leme, declarou: ''Ou o Estado [...] reconhece o Deus do povo, ou o povo não reconhecerá o Estado''.


Uma bela lição de união, de representação do imaginário popular no Brasil oficial, de legitimidade do poder. Lição que deve se recordada nesses difíceis dias.


Que a Padroeira do Brasil interceda por nós, principalmente pelas crianças, e que o santuário místico do Cristo Redentor nos guie para a realização do destino que nos pertence como nação.


PÃO, TERRA, TRADIÇÃO!



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