O Brasil termina Paris 2024 com 20 medalhas. Em quantidade de pódios, estamos no mesmo ritmo do Rio 2016 [19 medalhas] e Tóquio 2020 [21]. Mas temos de considerar alguns pontos.
O mais óbvio é a queda do número de ouros. Foram três (contra sete nas duas Olimpíadas anteriores). O segundo é que, a partir de Tóquio, contamos com o surfe e skate, modalidades em que somos muito poderosos. Sem isso, teríamos 19 medalhas em Tóquio e 16 [!!!] esse ano.
Outro ponto muito negativo é que, pela primeira vez em 24 anos, o esporte masculino deixou de trazer ouro nos Jogos. Antes de 2000, o desempenho mais pífio foi o de 1976, outros tempos, em que não tínhamos investimento nenhum nos ''esportes amadores/olímpicos".
Pra completar os sinais negativos, subimos ao pódio em menos modalidades esportivas do que em Tóquio.
Para onde quer que olhemos, a impressão é de que a evolução demonstrada no ciclo Londres 2012/Tóquio 2020 acabou. Estamos estagnados, talvez voltando ao nível de Sidney Atenas 2004/Pequim 2008.
Não é hora de ilusão, de wishful thinking, de passadas de pano. Os investimentos do ciclo das Olimpíadas no Rio se esgotaram. Precisamos de um projeto novo, mais ousado, mais orientado para a base. Não apenas para a manutenção de atletas de alto desempenho, mas para a garimpagem e formação.
Um exemplo: os recrutas das Forças Armadas deveriam ser colocados todos para fazer alguma modalidade de tiro. Só no tiro desportivo a China descolou cinco medalhas de ouro, mais do que o Brasil em todos os Jogos. Deveríamos ter um projeto orientado pelo Estado para o Atletismo, que é onde mais se distribui medalhas nas Olimpíadas.
Jamais seremos uma potência olímpica sem um Atletismo poderoso. É inacreditável que fiquemos atrás de Jamaica e Botsuana e Quênia no Atletismo - é totalmente surreal, bizarro e vexaminoso.
Não adianta esperar o ''mercado'' alavancar essas modalidades; sem orientação do Estado e sem investimento público, ficaremos à míngua. E, de quatro em quatro anos, vamos jogar toda a pressão nos atletas que têm capacidade de desempenhar na ponta, quando, na verdade, a base da pirâmide é diminuta e exígua.
Esses Jogos são um alerta. Foram frustrantes, decepcionantes. Andamos para trás.
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