Sol da Pátria debate tensões entre Direitos das Mulheres e Direitos Transgêneros

Em conversa realizada no canal Sol da Pátria, o pesquisador Uriel Araújo, juntamente com Yasmin Seabra, recebeu Celina Luci Lazzari, representante da Associação Mátria, organização voltada à defesa dos direitos das mulheres. Celina é psicóloga, psicanalista, mestre em Psicologia e diretora da Mátria – Associação de Mulheres, Mães e Trabalhadoras do Brasil, uma entidade dedicada à promoção dos direitos das mulheres e das crianças. Celina também integra o Movimento pela Infância Plena e é reconhecida por seu trabalho interdisciplinar, que conecta psicologia, psicanálise e questões sociais, com foco em gênero e infância. Já Yasmin Seabra é estudante e ativista. O encontro abordou os embates crescentes entre demandas do movimento feminista e o avanço de pautas relacionadas à identidade de gênero, como o uso de banheiros, a participação de pessoas trans em esportes femininos e a substituição de termos como “mãe” e “mulher” em documentos e campanhas oficiais. Para as convidadas, essas mudanças não apenas ameaçam conquistas históricas das mulheres, como representam uma tentativa de apagar símbolos fundamentais da vivência feminina.

Durante a conversa, uma das falas que mais chamou atenção foi a crítica à substituição da palavra “mulher” por expressões como “pessoas com vagina” ou “pessoas que menstruam” em cartilhas de saúde. “Nunca vi uma campanha de prevenção ao câncer de próstata chamar os homens de ‘pessoas com testículos’”, afirmou Celina. Para ela, há uma espécie de “gaslighting coletivo” direcionado às mulheres, criando um ambiente de manipulação simbólica que enfraquece o reconhecimento do feminino.

Associação Mátria

Celina também destacou o caso da escritora J.K. Rowling, que enfrentou fortes críticas por defender posições semelhantes. “Ela é uma mulher de esquerda, mas foi associada à extrema-direita só por defender o conceito de mulher”, pontuou. A convidada ainda criticou práticas como a indução de galactorreia em homens trans para amamentação, alegando que isso pode comprometer a saúde dos bebês e representa uma violação da função materna.

A escritora J.K Rowling em suas redes sociais

“Existe uma tentativa de transgredir tudo o que é feminino. E quando a gente questiona, somos acusadas de conservadoras ou radicais. Mas o que está em jogo é o bom senso”, concluiu. Para Celina e Yasmin, o cuidado — historicamente exercido pelas mulheres — não pode ser descolado da experiência concreta da maternidade. “Mulher não é identidade de gênero. Reduzir isso é apagar tudo o que somos.”