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Foto do escritorSol da Pátria

Viva Cosme e Damião!

A Festa de São Cosme e São Damião é tradicionalmente celebrada a 27 de setembro. Trata-se de uma tradição popular católica de forte carisma, que caiu no gosto do povo quando foi sincretizada com os candomblés e umbandas, que inseriram à festa a oferta de doces e quitutes. Assim, católicos e devotos das religiões de matriz africana bem como não religiosos adotaram a prática de dar doces, muito atrelada à devoção católica do pagamento de promessas, cuja graça alcançada enseja a retribuição e agradecimento, frutos da veneração aos santos.



São Cosme e São Damião, cujos nomes de batismo eram Acta e Passio, viveram na segunda metade do século III, na Ásia Menor, em cidade chamada Cilícia. Pertenciam à elite e concluíram os estudos de medicina na Síria. Imediatamente após, passaram a se dedicar aos cuidados dos enfermos necessitados, que não conseguiam acesso a serviços médicos, de quase exclusividade de pequena parcela mais abastada da população. As atividades dos irmãos médicos atraíram a ira e a consequente perseguição do Imperador romano Diocleciano, responsável pelo suplício dos irmãos, acusando-os de feitiçaria. A tradição cristã nos conta que, por volta do ano 303, foram condenados à morte no fogo, mas saíram ilesos. Após isso, foram conduzidos à lapidação (morte por apedrejamento), também sem consequências e à saraivada de flechas, sem, no entanto, serem atingidos. Por fim, foram decapitados.


No século VI foram canonizados como mártires – os que preferem perder a vida a negar Cristo - e anárgiros (aqueles que dedicam a vida aos semelhantes, por caridade). Seus restos mortais encontram-se em Roma, na Basílica do Fórum, transladados por iniciativa do Papa Félix IV. Os Santos são padroeiros dos médicos.


No Brasil, há consenso de que a devoção a São Cosme e São Damião foi trazida por Duarte Coelho, donatário da capitania de Pernambuco, em 1530. O português mandou construir uma Igreja em honra aos santos mártires, em 1535, em Igarassu, região metropolitana de Recife, a Igreja Matriz de São Cosme e São Damião, Padroeiros do município. A História da cidade de Igarassu conta que seus Patronos protegeram a cidade contra uma forte epidemia de febre amarela nas cidades vizinhas, no século XVII, que não atingiu Igarassu. De acordo com o IPHAN, a Igreja Matriz é o templo mais antigo do nosso país.


Os escravos brasileiros, especialmente os bantos, identificaram os santos gêmeos com os orixás infantes chamados Ibejis, filhos gêmeos de Xangô e Iansã. Para venerar suas divindades sem serem castigados pelos senhores, eles integraram os santos católicos nos cultos do candomblé (o mesmo se passando posteriormente com a umbanda). A tradição de dar doces é creditada, por muitos, assim, a essa associação de São Cosme e São Damião aos dois orixás crianças.


Seja como for, o povo brasileiro tem apreciado e participado da celebração do Dia de Cosme e Damião, seja distribuindo ou recebendo doces, indo à Missa ou ao terreiro – ou às vezes aos dois – ou simplesmente lembrando e reconhecendo esse dia festivo como elemento constituinte do vivíssimo conjunto das nossas tradições culturais nacionais.


Salve Cosme e Damião!





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