Hoje é um dia místico para os brasileiros e para a América.
12 de outubro é, antes de tudo, uma festa da Rainha dos Céus: Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil e Generalíssima do Exército Brasileiro. O feriado se tornou oficial por lei do Presidente João Baptista Figueiredo, mas o dia já era comemorado, com grande devoção, pelo povo. O Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida foi um dos elementos aglutinadores da identidade da população do Centro-Sul do país nos anos de nossa formação, e continua um 'norte' para romeiros do Oiapoque ao Chuí.
Foi nesse dia também que inauguramos a estátua do Cristo Redentor, no alto do Corcovado, em 1931, ainda no primeiro ano de Vargas no poder, então Chefe do Governo Provisório. Getúlio consolidava um processo de reaproximação com a Igreja Católica que era reflexo de seu abraço ao nacionalismo popular e de superação -- que não significa abandono -- de sua juventude castilhista e positivista. Boa parte do Trabalhismo e do Estado Novo beberiam em fontes católico-romanas, especialmente a Doutrina Social da Igreja.
Getúlio reintroduziria também os feriados católicos e permitiria o ensino religioso nas escolas, reforçando a legitimidade do Estado aos olhos do povo e fazendo com que o Brasil Oficial refletisse a cultura de nossa gente. Estas aproximação de Vargas com o cristianismo não foi só marketing político, ele próprio decidiu-se casar em cerimônia católica-romana, de forma reservada.
É uma data importante, contudo, também no nosso processo de Independência. Em 12 de outubro de 1822, a população da cidade do Rio de Janeiro aclamava Dom Pedro como primeiro Imperador do Brasil em pleno Campo de Santana (onde hoje se localiza a Praça da República), que passou a ser chamado Campo da Aclamação.
Lugar axial da nossa história política, o Campo era usado em festas da Monarquia, mas também foi palco de batalha em que a população defendeu Dom Pedro dos motins ocorridos após o Dia do Fico. O Campo é circundado pelo antigo Senador Imperial, hoje Faculdade de Direito da UFRJ, pelo Arquivo Nacional, pela Casa de Deodoro [hoje um Museu], pela antiga Casa da Moeda, pela Central do Brasil, e pelo Comando Militar do Leste [antigo prédio do Ministério da Guerra] e pelo Panteão de Caxias.
A data tem importância continental: em 12 de outubro de 1492, a armada de Cristóvão Colombo desembarcava na Ilha de São Salvador, hoje Bahamas. Os europeus descobriam a América, e as populações indígenas descobriam os europeus. Um acontecimento capital para a História: para alguns, como o pensador russo Alexandr Dugin, a descoberta da América foi o prenúncio do Apocalipse, a emergência no terreno histórico de um submundo ou de um inferno, uma catástrofe indizível que desafiava um tabu cósmico. Para outros, principalmente para os grandes descobridores, era o reencontro do Éden Perdido, do Oriente Místico, da terra da Primavera Eterna cuja existência estava gravada em diversos mitos da Cristandade, incluindo hagiografias, e também da Europa pagã.
Um feliz feriado da Padroeira do Brasil para todos. E Viva a América. Viva o Brasil!
Pão, Terra e Tradição!
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